A hemoterapia é a área da medicina que envolve a obtenção e a administração do sangue como tratamento para várias condições de saúde. As atividades deste segmento envolvem os bancos de sangue, agências transfusionais, hemocentros e serviços que trabalham com células tronco e suas implicações (como transplante de medula óssea).
As substâncias aplicadas e estudadas por esse ramo da ciência se dividem em dois grupos: hemocomponentes e hemoderivados. Os hemocomponentes são obtidos por meio de uma separação física das substâncias do sangue. Entre eles, são encontrados:
Os hemoderivados, por outro lado, são adquiridos a partir de processos industrializados para obter proteínas presentes no sangue. Alguns exemplos são:
O sangue e seus derivados não costumam possuir substitutos industriais eficientes, que possam ser utilizados em seu lugar. Por conta disso, a doação de sangue é de extrema importância, uma vez que muitas pessoas necessitam de transfusões de sangue para manterem-se vivas.
O hemoterapeuta é o profissional que, além do curso de medicina, realiza também residência médica na área de hemoterapia, realizada em conjunto com a residência de Hematologia (onde o foco é o manejo das doenças ligadas ao sangue).
A hemoterapia tem indicações técnicas muito bem estudadas e documentadas, que incluem seu uso em casos de:
Nestes casos, os benefícios decorrentes da aplicação do sangue ou seus componentes são a melhora dos sintomas e redução dos riscos que estes pacientes correm com um número de plaquetas muito baixo ou uma anemia importante.
Apenas um especialista pode aplicar algum dos processos de hemoterapia em um paciente, como a transfusão de sangue, de plasma ou de derivados sanguíneos. Esses procedimentos costumam ser realizados em clínicas especializadas ou hospitais.
Vale acrescentar que, como depende do sangue de outra pessoa (normalmente doado), a hemoterapia depende dos estoques dos bancos de sangue do país. Por isso, fomentar doações é essencial para a manutenção desse serviço.
É comum que se faça, de maneira equivocada, a confusão entre hemoterapia e auto-hemoterapia. A auto-hemoterapia é uma técnica onde o sangue do próprio indivíduo (previamente retirado de um vaso sanguíneo) é depositado em seu tecido muscular.
Os defensores desta prática advogam a melhora da imunidade como consequência secundária à reação inflamatória, uma vez que o sangue entra em contato com o músculo e provoca esse efeito no organismo.
O hematologista Rubens Zaltron ressalta que o Conselho Federal de Medicina (CFM) não reconhece a auto-hemoterapia como um tratamento validado e afirma que não existem evidências científicas confiáveis de que ela seja efetiva no cuidado ou prevenção de doenças.
O posicionamento da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) também reforça este discurso, ressaltando ainda os perigos e possíveis efeitos colaterais da técnica. Entre os riscos, estão a contaminação por doenças infecciosas (devido à manipulação inadequada do sangue) e a possível piora do quadro de saúde do paciente, deixando-o ainda mais vulnerável.
O ato transfusional da hemoterapia possui riscos que vêm sendo reduzidos cada vez mais pela melhora nas técnicas de triagem do material. Mesmo assim, reações febris e alérgicas leves podem ocorrer em alguma parcela dos pacientes que recebem um hemocomponente.
De acordo com o especialista Rubens Zaltron, efeitos colaterais mais graves, como a sobrecarga de volume e, em especial, o TRALI (lesão pulmonar associada à transfusão de sangue) são bem menos comuns.
O hemoterapeuta explica também que não existe qualquer relação entre hemoterapia e emagrecimento. Sobre a auto-hemoterapia, ele acrescenta que não se pode confirmar nenhum benefício da prática, muito menos que ajuda a emagrecer.
Walter Braga, médico hematologista e hemoterapeuta - CRM 114081
Rubens Zaltron, médico hematologista e hemoterapeuta - CRM-SP 187983
Conselho Federal de Medicina
Doar sangue - principalmente nesta época de pandemia - é um ato de amor.