Cientistas de Viena criaram pequenos cérebros humanos em laboratório, por meio da tecnologia de cultivo de células-tronco. Os minicérebros do Instituto Biotecnologia Molecular, da Áustria, têm o tamanho de uma ervilha e já estão vivos há dez meses.
Durante o crescimento, os neurônios se organizaram em camadas, como as do córtex. Impossível não alimentar a expectativa de que será possível criar mentes artificiais em laboratório. Mas os autores do estudo já adiantaram que ainda não é possível. A intenção é construir um modelo de cérebro humano para que se possa estudar com maior precisão como ocorre seu desenvolvimento desde a fase fetal, assim como as origens de doenças neurológicas.
O estudo, publicado na revista "Nature" de agosto, informa que os cientistas usaram de célula-tronco de embriões para cultivar os cérebros. Mas também foram usadas outra espécie de células-tronco, as pluripotente induzidas, retiradas que outros tecidos do corpo, como a pele, para produzir as "ervilhas" de neurônios. Neste caso, usaram as pluripotentes de pacientes de microcefalia, uma doença hereditária que deixa o cérebro humano com o tamanho do correspondente ao de um chimpanzé.
O que destaca a pesquisa dos autores principais do estudo - Madeline Lancaster e Juergen Knoblich - foi ter conseguido que as células de organizassem espontaneamente em estruturas cerebrais como ocorre do desenvolvimento natural do órgão. Outros pesquisadores já haviam conseguido o cultivo em laboratório de células de neurônios de rato, além de evidências de que o tecido do sistema nervoso tinha capacidade de se organizar em camadas. Mas ainda não haviam desenvolvido um aglomerado humano com este tamanho ou com o tempo de vida que já tem. O minicérebro só não tem um tamanho maior que os 4 milímetros de diâmetro porque seria necessária uma estrutura de vasos sanguíneos ainda não disponível.
De acordo com a descrição dos cientistas, os aglomerados de neurônios têm cavidade interna similar a dos ventrículos cerebrais que transportam o líquido espinhal. Os tecidos no entorno deste ventrículo parecem diferenciar-se, como ocorre em um cérebro de desenvolvimento normal.
Os cientistas estão chegando a um ponto crítico no estudo com células-tronco: ou fazendo hambúrguer ou cérebro. Ambos estão contribuindo para o futuro da humanidade.
Fonte: Agência O Globo