Um projeto de pesquisa coordenado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e aplicado em quatro hospitais – dois de Curitiba, um de Salvador (BA) e um de São José do Rio Preto (SP) – está evitando que pacientes com complicações decorridas da diabetes sofram amputações de pés.
Segundo o médico Jorge Timi, coordenador da pesquisa no Hospital Angelina Caron, de Curitiba (PR), onde oito dos pacientes foram operados, a técnica – que ocorre com financiamento do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - só é aplicada em pessoas com risco iminente de amputar pés e pernas.
Eles têm uma doença chamada de isquemia de membro inferior, que decorre, principalmente, de complicações do diabetes. A falta de circulação do sangue provoca entupimento das artérias que irrigam as pernas, o que também pode causar ataques cardíacos e derrames.
No estágio crítico, como estava Andrade, o paciente mal anda. Tem feridas que não cicatrizam e necrose em partes da perna. Quase todos os casos (98%) acabam em amputação. "Nada funciona mais. Nem medicamentos [como os vasodilatadores] nem procedimentos [ponte de safena ou stents]", explica Timi.
Nessa fase da doença, os pacientes têm expectativa de vida 25% menor. Após grandes amputações, esse índice sobe para 50%.
No Brasil ocorrem cerca de 40 mil amputações de membros inferiores por ano, 90% delas causadas por diabetes não controlado adequadamente, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.
Tratamento
As células-tronco têm por característica se dividir e formar duas células filhas. Uma delas permanece igual à de origem e a outra pode se diferenciar em outro tipo de tecido de acordo com o tratamento a ser feito.
Elas liberam imuno-hormônios e fatores de crescimento com alto potencial de estimular a formação de novos vasos sanguíneos.
Com isso, o sangue volta a circular na área isquêmica [com falta de circulação sanguínea], os sintomas desaparecem e há melhora nas feridas decorrentes do problema.
Segundo o médico Paulo Brofman, coordenador do Laboratório de Tecnologia Celular da PUC do Paraná, após serem retiradas do osso do quadril, as células são processadas e injetadas em pontos da perna e do pé. "A expectativa é que o sangue volte a circular na área isquêmica, melhorando ou curando as feridas."
Estudos semelhantes já foram feitos em países como França, Alemanha e EUA. Mas é preciso replicar o tratamento em mais pacientes para que ele possa entrar na prática clínica.
Brofman relata dificuldades no recrutamento de voluntários, especialmente porque o projeto só aceita doentes graves–muitos nessa fase acabam sendo amputados.
"Há muitos pacientes que podem ser beneficiados. Estamos divulgando na esperança de alcançar os 45 voluntários [número necessário para finalizar o projeto]."
Comentário CCB:
As Universidades do Paraná pesquisam células-tronco com incentivo do Governo Estadual há mais de 10 anos, e os resultados estão começando a aparecer.
Fonte: Semana On