O Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto deve iniciar um novo tipo de transplante de órgãos a partir do primeiro semestre de 2009. Em maio, o Ministério da Saúde autorizou o hospital a realizar transplantes simultâneos de rim e pâncreas, procedimento utilizado em pacientes diabéticos que desenvolvem insuficiência renal, geralmente em estágio avançado da doença.
Atualmente, o hospital faz quatro tipos de transplante: fígado, córneas, medula e rim. Com o novo procedimento, Ribeirão passa a ser a terceira cidade do Estado a fazer a cirurgia rim-pâncreas, as outras duas são Campinas e a Capital.
O novo procedimento cirúrgico será mais uma alternativa de tratamento para pacientes diabéticos em estágio avançado da doença — restrito àqueles que desenvolveram insuficiência renal como complicação do diabetes. De acordo com José Sebastião dos Santos, professor de cirurgia digestiva e membro da equipe de transplante rim-pâncreas, ainda falta adquirir parte da infra-estrutura e organizar a lista de pacientes potenciais para esse tipo de procedimento.
"A cirurgia vai proporcionar maior conforto para os pacientes diabéticos, que terão a oportunidade de suspender o uso de insulina e as sessões de diálise, e podem ter maior qualidade de vida", afirmou. Essa, porém, não é a única forma de tratar a doença.
A implantação da cirurgia rim-pâncreas é necessária para tratar dos casos mais avançados do diabetes. Em um segundo momento, a intenção do Hospital das Clínicas é implantar transplante de pâncreas após transplante de rim, para então iniciar os transplantes de pâncreas antes que o diabético tenha alguma complicação da doença.
Conforme Santos, o diabetes é atualmente a segunda causa de insuficiência renal, sendo responsável por 25% dos casos. Um terço dos pacientes dependentes de insulina e um quinto dos não-dependentes desenvolvem a doença após 15 anos com diabetes.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 65 transplantes de rim-pâncreas foram feitos em 2006 no Estado de São Paulo. Em 2007, ainda segundo o Ministério da Saúde, em todo o País haviam 511 pacientes na fila de espera por um transplante simultâneo dos dois órgãos.
Transplante não é a única saída - O transplante de órgãos não é a única forma de tratamento disponível aos pacientes diabéticos. "Essa é apenas uma das finalidades terapêuticas. Os tratamentos com insulina e diálise são eficientes e, se tiverem boa adesão, oferecem bom controle sobre a doença", afirmou José Sebastião de Souza. Desde 2003, docentes e alunos da Faculdade de Medicina da USP, vinculada ao HC, realizam pesquisas com células-tronco para o tratamento da doença. Em 2004, a equipe do professor de imunologia Júlio César Voltarelli realizou o primeiro transplante de células-tronco do mundo para o tratamento de diabetes tipo 1. Segundo o professor, "15 pessoas já receberam o transplante, e todas, com exceção de apenas um paciente, pararam de tomar insulina. O primeiro transplantado, Leandro Moreira, continua injetando o medicamento, mas em pequenas doses", afirmou Voltarelli
O Dr Julio Voltarelli é um dos maiores pesquisadores do Brasil e seu trabalho teve repercussão mundial. Quando colocado em pratica vai evitar o transplante de pâncreas.
Fonte: Gazeta de Ribeirão