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Cientistas tentam desvendar a linha do tempo do sistema imune

Cientistas mapeiam como funciona, nos diferentes estágios da vida, a glândula responsável pela geração de células de defesa do corpo humano. Trabalho poderá ajudar no desenvolvimento de terapias para doenças diversas, como cânceres e males autoimunes

O sistema imune pode ser definido como um escudo do corpo. Sua ação protetiva é a chave para o tratamento de uma série de doenças, já possíveis falhas em seu funcionamento podem ser a causa de algumas enfermidades. Devido a sua importância e complexidade, pesquisadores tentam entender melhor como essa estrutura funciona. Com esse objetivo, cientistas internacionais realizaram um mapeamento genético do timo — glândula que produz os linfócitos, uma das células que protegem o corpo. Com as informações obtidas no estudo publicado na última edição da revista Science, eles acreditam que futuramente será possível desenvolver novas terapias imunológicas para o tratamento do câncer e outras enfermidades.

A glândula timo está localizada no peito e produz células-T, que combatem infecções e doenças. Essas células deixam o timo para entrar no sangue e outras partes do corpo, onde amadurecem ainda mais. O timo difere de outras estruturas do organismo humano porque é maior e mais ativo na infância, diminuindo, aos poucos, após a puberdade. “Ele é chamado de marca-passo da vida. Aos 35 anos, praticamente desaparece. Compreender como o timo se desenvolve e depois se desliga pode nos ajudar a entender o envelhecimento e como o sistema imunológico muda ao longo da vida”, frisa Jongeun Park, pesquisador do Instituto Wellcome Sanger, no Reino Unido, e um dos autores do estudo.

Os pesquisadores usaram o sequenciamento de RNA de célula única para analisar cerca de 200 mil células do timo em todos os estágios de vida: infância, desenvolvimento e vida adulta. Os resultados revelaram a complexidade dos tipos de células no timo e uma ampla variedade de interações que coordenam e suportam a diferenciação das células-T. Usando os dados, os autores foram capazes de desenvolver modelos que mostram como os linfócitos com funções imunes diferentes e específicas se desenvolvem.

“Com esse atlas de células do timo, estamos desvendando os sinais celulares dessa glândula durante seu desenvolvimento e revelando quais genes precisam ser ativados para converter células precursoras imunes precoces em células-T, ou seja, como podemos fazer para que essas estruturas se desenvolvam com sucesso”, ressalta Jongeun Park.

Os autores do estudo explicam que problemas ocorridos durante o amadurecimento do timo podem gerar problemas sérios, o que faz com que a descoberta tenha ainda mais importância. “Complicações no desenvolvimento do timo causam geração defeituosa de células-T. Isso pode resultar em deficiências imunológicas graves, como a imunodeficiência combinada grave (SCID, em inglês), deixando as pessoas suscetíveis a infecções”, ilustra Park.

Para os cientistas, o atlas desenvolvido com as informações do desenvolvimento do timo também pode ser usado na criação, em laboratório, de células protetivas. “Esse mapa do timo é uma parte importante da missão do Atlas Celular Humano, um projeto em que estamos mapeando todos os tipos de células do ser humano. Ele está nos ajudando a aprender sobre as vias de desenvolvimento do corpo e o declínio do sistema imunológico associado à idade. Isso tem aplicações na engenharia celular, incluindo a possibilidade de criar um timo artificial para a medicina regenerativa”, diz Sarah Teichmann, também pesquisadora do Instituto Wellcome Sanger e uma das autoras do estudo.

“Agora, temos uma compreensão muito detalhada de como as células-T se formam em tecidos saudáveis, o que nos ajuda a montar peças do quebra-cabeças para obter uma imagem maior de como a imunidade se desenvolve”, completa Tom Taghon, pesquisador da Universidade de Ghent, na Bélgica, e também autor do estudo.

Outra vantagem apontada pela equipe é o desenvolvimento de terapias mais eficazes para doenças como o câncer. “Isso é realmente empolgante, pois no futuro esse atlas poderá ser usado como um mapa de referência para projetar células-T fora do corpo com todas propriedades certas para atacar e matar um câncer específico, gerando tratamentos personalizados para tumores” detalha Muzlifah Haniffa, pesquisador da Universidade de Newcastle, na Austrália, e um dos autores da pesquisa.

Comentário CCB:

Conseguir controlar e manipular os Linfócitos T, é garantir “Terapia Viva” com maior sucesso e menos efeitos colaterais nos tratamentos.

Fonte: CB | Vilhena Soares

Publicado em: 27 de fevereiro de 2020 às 13:02.
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