Uma equipe médica de Israel publicou na revista Science Translational Medicine um relato de sucesso sobre um procedimento inédito de transplante de mitocôndrias em crianças. A nova cirurgia é capaz de ajudar pacientes com desordem de depleção do DNA mitocondrial, doença atualmente sem cura.
Geralmente, a condição se manifesta durante a segunda década da vida do paciente com falhas multissistêmicas progressivas. Os problemas incluem perda auditiva e de visão, fraqueza muscular, problemas cardíacos e gastrointestinais, além de demência e morte precoce.
Para a realização do transplante, os médicos coletam células-tronco hematopoiéticas da medula óssea da criança doente e sangue de sua mãe. Os estudiosos abrem as paredes dos glóbulos brancos do sangue e usam uma centrífuga para separar as mitocôndrias do citoplasma.
Em seguida, eles induzem as células-tronco do paciente a absorver as mitocôndrias por meio de um processo natural chamado pinocitose. Uma vez que as células são enriquecidas com as mitocôndrias extras, as unidades são infundidas de volta na criança.
Os pacientes que já receberam o transplante eram extremamente fracos se comparados com outras crianças saudáveis. Uma dos participantes, que chegou no hospital debilitado, sendo empurrado em um carrinho, conseguiu correr e engordar poucas semanas após o procedimento. Já outra garota, que estava de cama e incapaz de permanecer sentada, conseguiu ficar de pé.
O método de transplante de mitocôndrias ainda está sendo testado. Um novo ensaio clínico está previsto para 2023 e, caso os resultados se mantiverem positivos, a terapia pode fornecer uma nova forma de tratar não só apenas doenças genéticas raras, mas também outras condições e lesões decorrentes de danos mitocondriais.
Existem ensaios clínicos mostrando tratamentos de doenças mitocondriais através do efeito parácrino das células-tronco mesenquimais.