Novo tratamento usa um sensor que monitora de forma contínua a glicose e libera automaticamente a quantidade correta de insulina
Pesquisadores do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (Nice, na sigla em inglês), do Reino Unido, estão pesquisando um tratamento inovador que promete eliminar a necessidade de injeções regulares de insulina para pessoas com diabetes tipo 1.
Quem tem diabetes tipo 1 não possui células funcionais nas ilhotas do pâncreas para produzir insulina. Por isso, devem tomar a substância constantemente por meio de injeções.
O novo tratamento funciona da seguinte forma: é instalado nos pacientes um sensor que monitora de forma contínua a glicose.
Então, os dados são transmitidos para uma bomba de insulina usada no corpo. Assim, ele calcula quanta insulina precisa ser administrada automaticamente ao corpo para manter os níveis de glicose no sangue dentro de uma faixa saudável. Estes são conhecidos como “sistemas híbridos de circuito fechado”.
Isso é feito por um algoritmo de computador que pode calcular a quantidade de insulina necessária com base nas leituras de açúcar no sangue, para que a bomba possa fornecer automaticamente doses precisas.
“O uso de sistemas híbridos de circuito fechado será uma virada de jogo para pessoas com diabetes tipo 1. Assim, ao garantir que os seus níveis de glicose no sangue estão dentro do intervalo recomendado, as pessoas são menos propensas a ter complicações”, disse em um comunicado Jonathan Benger, diretor médico do Nice.
A expectativa é que a nova tecnologia seja implementada no sistema público de saúde do Reino Unido nos próximos 5 anos.
A diabetes tipo 1 é uma condição em que o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina, essencial para regular os níveis de açúcar no sangue e glicose.
O diabetes atinge 10,2% da população brasileira, conforme dados da pesquisa Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).
Até o momento, a única forma de tratamento é por meio de uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. A causa do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis.
Além desta pesquisa, que usa a insulina, outros pesquisadores estão buscando soluções para a diabetes usando células-tronco. Um novo método desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, aprimorou o processo de criação de células produtoras de insulina a partir de células-tronco.
Assim, segundo o estudo, agora é possível produzir as células desejadas a uma taxa de 90%. Antes, o método utilizado gerava apenas 60% das células-alvo. De modo geral, a ideia é que isso se torne um tratamento sem injeções para pessoas diabéticas.
Há 10 anos, Dr Julio Voltarelli (in memorian) já havia apresentado na USP de Ribeirão Preto SP trabalho semelhante com excelentes resultados.